terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uma carta me encontrou!

Um dia, escrevi uma carta para mim. Guardei em um canto bem secreto dos leitores na blogesfera... rs... Pobre Renata! E a carta me encontrou e perguntou: e agora? Qual é sua resposta? A minha resposta, Dona Carta... escolhi viver a verdade esfregada na cara! Doeu... mas me salvou, ou posso dizer que me libertou?! Me desconstruí por inteira, passei fome de viver, aquela fome que leva a viver a todo custo, fome de felicidade... quero continuar faminta assim, faminta da vida pois quando se é cheio não se sai do lugar!
E hoje, ahhhhhh hoje. O meu hoje eu invento!



Um carta para mim -
Preciso viver algo novo, que me dê esperança de um futuro bom.
Que faça meus olhos voltarem a brilhar, coruscar para as coisas simples da vida. Assim, não preciso ser simplesmente “encantadora” para ninguém, só para mim.
Algo que eu defenda e aposte cartas, porque vai valer a pena. Não preciso de mais nada que me faça chorar, quando as lágrimas estiverem engasgadas, ate mesmo por que choro de rir.
Porem, quando choro de verdade, não derramo uma lágrima. Quem me conhece mais do que eu mesma, incrivelmente não desiste nunca. Entende-me tão perfeitamente e não se deixa enlouquecer com minha insanidade.
Afinal sou lúcida nas minhas manias, permanente na minha inconstância, irrequieta na minha comodidade. É “senhora razão”, que está tão longe e tão perto. Minha fraqueza e minha fortaleza.
Foram tantos erros, até já me envergonhei, sofri com as conseqüências, senti ódio fulminante... Quis voltar, não deu.
Ao retorno impossível, agradeço por saber que amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.
Quantas decisões erradas, rumos inesperados, atalhos que surgiram, distrações... pedras, buracos, tropeços...machucados.
Ai, os machucados... Quantas vezes chorei, julguei, até mesmo odiei por ter sido machucada.
Mas, agora, depois de todo esse tempo, contemplo essa cicatriz semi-aberta, e dou conta que sou o motivo dela. É inevitável não me culpar agora.
Faltam palavras, fôlego... Apenas um olhar dizendo: "-como é que eu fico?"
Peregrinando, busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada, e quando por fim me entrego, atiro e quando resolvo recuar não volto.
Ainda que queira, orgulho às vezes é fogo que consome. Oh lacônica seguidora de uma cultura narciso pós-moderna.
Agora sou eu que estou do outro lado, mesmo não querendo.
O destino brincou comigo, me fez escolher sem perceber, seria percebendo?
Aprendi diversas desculpas para as escolhas, e para tudo, porem, apesar de, diria que a fatalidade jogou sujo, zerando minha sensibilidade, aniquilando a vontade de sentir.
Montei o palco, depositei esperança nas falas decoradas, colori a realidade com alguns sonhos, enxertei sonhos em cenas reais, decorei o roteiro, mas, quando acenderam as luzes me dei conta que esse não é o meu papel.
O acaso não erra.
Demorei muito tempo para perceber que não sabia me definir, meu papel protagonizado pelo acaso, lançou-me como coadjuvante do destino. Catatônica.
Não aprendi a arte de dirigir, interpretar exige técnica, direção um olhar superior, cansei de esconder-me no conforto do backstage.
Sempre estive por trás de músicas que refletiam meu momento, ou usava construções de personalidades alheias para que tivessem determinada imagem de mim.
E a todo instante mudava de opinião, apagava o que estava escrito e recomeçava. Indecisão? Perplexidade? Embaraço?
Vai saber. Não, ainda não aprendi a definir as vivencias pretérita, e acho que estou bem longe disso.
Estou em constante busca de um caminho. Caminhante em busca de uma estrada, eternamente, estrada em mim.
Sei o que é desistir de tudo e ser obrigada a voltar atrás.
Tenho a sensação de estar simplesmente revivendo o que passei, volto-me as cenas anteriores, flashbacks involuntários, por todos esses anos: a constante busca pela definição de papeis no palco armado.
Seria um circo de lona aberta? Não gosto de picadeiros. A alegria forçada é catalisador do gozo necessário para o convívio harmônico, imprescindível para calar a dor de quem geme.
Contraditoriamente, estou negando praticamente todo o meu passado, para evitar que minhas antigas dores voltem a me atormentar.
A recordação das vivencias prazerosas, despertam-me para o presente vazio. Esforço-me para lançadas ao mar do esquecimento, betabloqueador diário.
Não as tolero, suporto, fantasmas em noite de verão apontando as marcas deixadas, na alma, corpo e espírito.
Não quero esquecer o que vivi só superar. Pois o roteiro já foi consumado, é hora de rodar os créditos! Dedicatórias em rodapé.
Nunca me custou nada ser sincera, indelicada não, apenas sincera.
Sei o que é angústia sem cura e solidão em meio à multidão.
E é exatamente por isso que não sei mais o que quero, além de viver cada instante intensamente, ainda que isso seja mera ilusão, graças à companhia de Baco.
Aproveitar os momentos que aparecem diante de mim, como se tudo pudesse ser perdido em um piscar de olhos, e o fruto da ansiedade é fluidez das decisões.
Às vezes emoldurava o texto, com uma narrativa para satisfazer o publico. Maldita semiótica!
De maneira paradoxal não cultivei o interesse pela vida alheia, exceto as que fossem realmente importante na minha vida, cada dia observo que seu numero diminui e a qualidade acrescer.
Entretanto escolhi não ser leviana com as pessoas, ainda que não as tolere, apresento-as com o respeito que são dignas, mesmo não merecedoras da minha consideração.
Não deixei meu pré-conceito impedir de ver o outro lado, e mudar, aceitar as diferenças, compreender sua cultura, ser a parte periférica que observa.
Nunca quis que todos gostassem de mim e não fiz questão de ser mimada por quem não convém e passei a não dar tanta importância pra pessoas tão desnecessárias.
Abri mão do que sempre quis, pois, nunca quis que entendessem meus desejos, apenas respeitassem.
E a nunca mais fazer planos que dependam dos outros, porque os outros... ah, eles decepcionam. E eu definitivamente não preciso passar por isso mais uma vez.
Agorafobica assumida, fruto de um perfeccionismo patológico, mas que gosta de saber que seus pensamentos no fundo são leituras banais, obrigatórias de cabeceira.
E hoje nunca quis tanto ser invisível.... já amanha? Me responda o amanha, a carta de hoje!

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